Perdão e auto perdão
“A virtude mais
difícil de ser posta em prática é o perdão. Perdoar exige um esforço de
AUTOSSUPERAÇÃO muito grande” (Chico Xavier).
O perdão é um processo mental ou
espiritual de cessar o sentimento de ressentimento ou raiva contra outra pessoa
ou contra si mesmo, decorrente de uma ofensa percebida, diferenças, erros ou
fracassos, ou cessar a exigência de castigo ou restituição. É dar
a cada um o direito de ser como é, e também a nós, o direito de sermos como
somos, reconhecendo que devemos nos
modificar para melhor e que não nos cabe modificar o jeito do próximo.
Perdoar não é ser conivente com a coisa errada e sim,
tentar entender as razões do outro. Mas, se estas não forem plausíveis, não
devemos nos igualar ao agressor. Podemos, talvez, exigir a reparação, e não
permitir que o mal feito, se instale em nós. É certo sentirmos o impacto e também
não temos como evitar a raiva, é fisiológico reagimos ao momento, mas,
conservar a mágoa é uma opção. Se conservarmos a mágoa podemos criar em nós, um
transtorno psicológico, emocional e espiritual. Uma pessoa sadia e saudável não
faz o mal conscientemente a ninguém.
A
mágoa é doentia. Se você ainda cultiva a magoa, uma parte de sua
energia interna fica presa ao ressentimento, raiva, dor ou a algum tipo de
sofrimento. Essa energia é limitante. Fortalece o Ego e sufoca o Self. É como
tentar andar de bicicleta freando o tempo todo. Isso atrasa e frustra e
dificulta a caminhada.
À medida que formos trabalhando a mágoa e descobrindo
nossos valores, a ofensa vai perdendo o significado. Da mesma forma que o
perdão aos outros é importante, o auto perdão é tão importante quanto, no
entanto, não podemos falar de auto perdão, sem falarmos de CULPA.
O sentimento de
culpa é o apego ao passado, é uma tristeza por não ter sido ou agido como
deveria, é uma tristeza por ter cometido algum erro. Este é, sem dúvida, o
sentimento que nos causa maior sofrimento psicológico. A culpa é uma incapacidade de lidar com o erro
e ao invés de nos proporcionar incentivo ao crescimento, faz-nos gastar as
energias numa lamentação interior por aquilo que já ocorreu e... Não se pode mudar o passado. A culpa é um
autodesprezo e também um desrespeito pela natureza humana, por seus limites e
pela sua fragilidade. A natureza humana é naturalmente falha. Estamos em um
processo evolutivo de crescimento e aprendizagem.
Trabalhar o sentimento de culpa é, primordialmente,
descobrir as convicções falsas que existem em nós. É um sentimento que vem da crença de que é
errado errar. Entretanto, errar, faz parte da natureza humana. É através dos
erros que obtemos o aprendizado.
Se a culpa é a vergonha da queda, o auto perdão é o elo
entre a queda e o levantar. É o encontro corajoso e amoroso com a realidade. É
recomeço.
“O perdão é a própria aceitação da vida do jeito que ela
é com seus altos e nos baixos. O auto perdão é a capacidade de dizer adeus ao
passado. É apenas saber perder o que já está perdido. O auto perdão é um sim à
vida que nos rodeia agora.” Livro: Transformando
Atitudes — Marcelino
Tomkowsky.
Quer
você sinta a necessidade de perdoar o outro, ou perdoar a você mesmo, ao
fazê-lo você se liberta do passado e possibilita a realização do seu verdadeiro
potencial. O Perdão permite que você livre-se de crenças e atitudes limitantes,
pois liberta sua energia mental e emocional para que possa aplicá-la na
construção de uma vida melhor.
Ao
perdoar, você se torna uma pessoa se melhor. Um melhor marido ou esposa, um
melhor aluno ou professor, um melhor empregado ou empregador, ou se torna um
melhor pai ou filho. Quem perdoa se abre ao sucesso e conforme for aprendendo a
perdoar, o que parecia impossível não apenas se torna possível, mas até mesmo
mais fácil de alcançar.
À
medida que aprende a perdoar, vão se consolidando habilidades que estavam
adormecidas. Elas irão emergir e a pessoa descobre que é muito mais forte e
capaz do que imaginava ser. Partes da mente, que não poderiam florescer no solo
árido do rancor, irão começar a crescer e a pessoa começará a livrar-se de
apertos e dificuldades.
Antes de se perdoar, considere o bem que você pode
fazer, ao invés do mal que você não pode desfazer. Percebe? Em
muitos casos, a culpa que carregamos, seja ela por um erro Intencional ou não,
a atitude que tomamos naquele momento não
pode mais ser desfeita.
É
preciso enterrar o passado e deixá-lo
no passado. Compreender isso é uma atitude que
nos trará paz de espírito,
deixando nossa mente livre para olhar para o futuro e encarar tudo com mais
maturidade.
Muita
gente confunde o auto perdão com resignação.
Algo do tipo: “deixe tudo como está,
eu sou assim
mesmo”. Não caia nesse erro. Praticar o auto perdão
significa identificar nossas falhas, mas sempre aceitando que somos seres
humanos e sujeitos a erros.
Certamente,
podemos errar em algum momento. Mas não
simplesmente ignorar os fatos e deixar tudo como está.
O auto perdão
também implica assumir a
responsabilidade dos nossos atos. A
prática
está
relacionada a entender que certas atitudes que tomamos, por mais que possam nos
parecer questionáveis, estão
relacionadas ao que consideramos, no nosso íntimo,
naquele
momento, que era o melhor a se fazer.
Assim,
se não gostamos do que fizemos no passado,
podemos e devemos trabalhar isso em nós
de forma a não repetir tais atitudes no futuro. Isso
é
muito melhor e mais útil do que ficar simplesmente se
culpando eternamente.
Tenha como meta de vida daqui para frente: não
se recrimine mais, não se condene mais. Agradeça
sempre pela pessoa que foi, que é,
e pela que ainda se tornará.
Você não se torna a pior pessoa do mundo porque cometeu um erro.
Então pense um pouco agora: O que justifica tamanha impiedade? Por que você não
aceita seus deslizes? De onde vem tanta dureza para consigo?
O caso é que há pessoas cuidadosas e dedicadas, que fazem tudo
direitinho na maior parte do tempo, e mesmo assim, não aceitam o fato de que
são falíveis, cometem equívocos. Então por que sofrer tanto em busca de algo
que não é alcançável nessa encarnação?
Normalmente
nossa capacidade de nos perdoar está relacionada à nossa capacidade de nos
aceitar exatamente como somos. Num mundo em que somos constantemente julgados pelos nossos
desempenhos, ou seja, pelo que fazemos e não pelo que somos, é natural que
exista uma tendência obsessiva pela busca do desempenho perfeito sempre.
Ao cometermos falhas, por instantes, deixamos de agradar aos
outros, deixamos de estar totalmente de acordo com o que exigem de nós em troca
de “amor”, “amizade”, “admiração”… Não
é de estranhar que falhar nos apavore e que imediatamente busquemos resolver a
questão. Como? Punindo o culpado por nos fazer sentir inadequados e
envergonhados. Quem? Nós mesmos. Ainda é uma condição humana! Não aceitar nossa
falibilidade é como estranhar os movimentos naturais de inspiração e expiração
dos pulmões.

Os erros ensinam preciosas lições que contribuem para você se
superar, crescer e se tornar uma pessoa mais madura. A mudança que desejamos
não vem com autocrítica e autopunição, vem a partir da aceitação que requer o auto perdão. O
que acha de começar a exercitar?
Porque
perdoar é tão difícil?
Talvez por não sabermos nos colocar no lugar do outro e
entender os seus motivos.
Ou talvez, por não querermos entender os seus motivos,
porque isso não seria conveniente a nós mesmos. Porque talvez devêssemos ter
que admitir que o erro maior foi nosso, que talvez tenhamos projetado no outro
aquilo que falta em nós mesmos.
Talvez porque sejamos melindrosos demais, nosso orgulho,
nosso egoísmo, possam estar dirigindo nossas ações e atitudes.
Quem sabe, porque tenhamos tanta facilidade em apontar
um cisco no olho do outro, e não queiramos enxergar a trave em nosso olho
(Mateus 7:5).
É certo que sempre queremos ser julgados por nossas boas
intenções, mesmo quando em ações equivocadas. Porém, não nos esforçamos por
compreender as dificuldades dos outros, e exigimos deles ações e atitudes, que
talvez nem nós estejamos preparados para desempenhá-las.
Talvez por nossa sede de fazer justiça pelas próprias
mãos, como na lei de Talião: “Olho por olho, dente por dente”.
Perdoar é modificar o padrão vibratório, é mudar as
ondas de energia que estão em nosso redor. Todos necessitamos de perdão! Em
algum momento da vida, decerto, comentemos erros, ou iremos cometê-los. Pois
com a mesma medida que medirdes, será medido. (Mateus 7:2).
Temos que aceitar as pessoas como espíritos em evolução.
Passíveis de erro, mas com direito a redenção. “… Nem Eu tampouco te
condeno; vai e não
peques mais” (João 8:11).
Jesus nos ensinou que devemos ver no agressor, um irmão
que precisa de ajuda, de compreensão e de amor. Ao invés de alimentarmos nosso
ódio, devemos confiar na Providência Divina, nada ficará sem reparação.
Da
mesma forma, também não devemos carregar a culpa. Devemos buscar a reparação. Mas
se carregarmos a culpa, ela se transformará em autopunição e desencadeará sofrimentos em nossa vida por muitas
encarnações.
E isso atrairá nossos algozes, que foram também, nossas
vítimas de outrora, e que se aproveitarão para transformarem seu ódio em
vingança, o que alimentará esse ciclo de
sofrimento e perda de encarnações por muitas gerações.
Deus não condena ninguém, somos nós, nossos próprios
carrascos, através de nossa consciência. Quem não perdoa e não se perdoa,
carrega consigo a sombra e o remorso, mas não age, não repara, não cresce.
Exemplo de ensino do perdão está na “parábola do Filho
Pródigo” (Lucas 15:11–32).
A fim de perdoar a si mesmo, você poderá
precisar pensar em uma forma adequada para fazer as pazes com a outra pessoa.
Fazer as pazes pode ser uma coisa muito boa para se fazer, mas atente-se para a
autopunição disfarçada de remorso. Fazer
as pazes ou até mesmo pensar em fazer as pazes, normalmente lhe trará um
sentimento de alívio.
Se
isso não acontecer, então pode ser que alguma forma de auto ofensa ou
autopunição disfarçada. Fazer as pazes poderá ser custoso para você, porém não
deverá prejudicá-lo.
Se você não tem acesso à pessoa (ela está
fora de sua vida por qualquer motivo), mas você quer fazer as pazes, então faça-o por meio de um representante e
seja especialmente generoso ou útil a alguém da mesma raça, grupo ou tipo de
pessoa – ou até mesmo alguém aleatório ou você está esperando um
perdão divino antes de se perdoar?
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