Autopercepção e Abertura de Consciência.
Queridos amigos, agora que aprendemos os aspectos básicos da
estrutura da mente, já podemos entrar na primeira fase de nossa oficina:
Autopercepção e Abertura de consciência e como desenvolver
isso.
A
autopercepção é o Auto Encontro! É ter a consciência das impressões
internas e externas do que somos simultaneamente. Encontrar a própria Essência Divina através da espiritualização, se religando à Consciência Cósmica Criadora.
Isso acontece
quando a criatura entra
em contato consigo mesma, podendo traduzir com certeza, se é sua ou não a
emoção registrada e de onde ela se origina (Santo Neto, 2002).
A
autopercepção é muito importante para quem tem mediunidade educada ou não,
portanto, a conscientização de nós mesmos, interna (quem somos) e externamente (o que represento), se
faz necessária para não cairmos em falsas armadilhas do ego e da mediunidade.
A
autopercepção acontece quando a desenvolvemos através da observação dos resultados
de nossas ações e reações, tanto por meio dos sentidos físicos, quanto
por meio dos emocionais, mentais e “intuicionais” (da intuição).
Nessa fase de
busca de autopercepção, fazemos perguntas a nós mesmos tais como: Que (quem)
sou? Por que sofro? Quem pode me ajudar a entender isso? Que penso que devo
ser? Onde quero chegar? Como fazer isso? O que me impede? Como acessar o melhor
em mim?
Isso é
importante, pois não podemos mudar algo que não percebemos. É necessário tomar
consciência das crenças limitadoras, inconscientes ou automáticas, que nos
impedem de evoluir, monitorando nossos padrões mentais, emocionais e físicos.
Vamos abordar esse assunto no próximo encontro.
Devemos estar
atentos, portanto, ao teor vibratório de nossos pensamentos, imagens mentais,
sentimentos e hábitos, assim como das interações entre essas fontes
vibratórias. Quanto mais imagens bonitas colocarmos em nossa mente, melhor.
A percepção é
o olhar amoroso para si mesmo, sem julgamentos de certo e errado, originado do
Eu Real que somos. O sentimento
amoroso de compaixão, em lugar de
julgamento, auxilia em nossa autoaceitação e também na do nosso próximo. Conhecer nossa autoimagem idealizada e o Ser real, é perceber que
não somos nem pessoas perfeitas, nem pessoas más.
A compaixão é muito importante porque
permite, apesar de
nossas imperfeições, buscar o que é melhor para nós mesmos, dentro de
possibilidades reais (Cerqueira
Filho, 2006).
Nossas
atitudes (mentais, emocionais, físicas), quando originadas do Eu Real, somente resultam no Bem, e quando originadas do ego, somente resultam no Mal.
O Bem pode ser: o auxílio no
processo evolutivo próprio ou no dos demais seres viventes, paz, harmonia, alegria, prazeres da
alma, equilíbrio, saúde integral (física,
emocional, mental, espiritual), satisfação, realização, alta autoestima, gratidão, esperança, felicidade, conforto, compaixão, bondade.
O Mal pode ser: o prejuízo causado ao próprio
processo evolutivo ou ao dos demais seres viventes, dor,
sofrimento, tristeza, doenças, insatisfação, desequilíbrio, desarmonia, baixa
autoestima, ingratidão, culpas, complexos, desânimo, desesperança, desconforto,
infelicidade.
O Mal é a
ausência do Bem, não tem
existência real e vai se
transformando no Bem à medida que, pela evolução, nossos defeitos, vícios e
erros vão se transformando em qualidades, virtudes e acertos.
Quando abrimos
nossa consciência podemos perceber os
alertas do Eu Real, na forma de intuições,
pensamentos e sentimentos, indicando se
nossas ações e reações resultarão em Bem ou Mal. Assim, gradualmente, nossa consciência individualista se expande para incluir as necessidades e
direitos dos outros junto aos nossos.
A
autopercepção e o despertar da consciência são processos morosos devido à sua
complexidade e à lentidão natural do processo
evolutivo. Não se
apavorem nem desistam. Esta fase caracteriza-se pela existência de dois ciclos
que podem ser rompidos pela vontade do espírito em melhorar-se.
A quebra do
primeiro ciclo acontece
quando, após agirmos
mal, desejamos
melhorar porque já estamos cansados da
infelicidade, do aumento dos
conflitos internos e das crises
resultantes da estagnação espiritual, revolta e identificação com o ego.
A quebra do segundo
ciclo acontece
quando, mesmo agindo
bem, desejamos
melhorar porque não estamos
satisfeitos com a relativa felicidade e satisfação interior resultantes do relativo progresso evolutivo alcançado.
O desejo de
melhorar é originário do Eu Real que atua de forma latente em nosso inconsciente,
independentemente se agimos bem ou mal. Nascemos para nos tornar anjos.
A primeira
fase da autotransformação, caracterizada pela identificação dos problemas, da
necessidade e das vantagens da autotransformação, enseja significativos
progressos evolutivos resultantes do
trabalho consciente do espírito na sua purificação. Investimento
próprio em si mesmo.
A identificação
dos problemas, necessária
para início da fase de auto-observação, consiste em descobrirmos
quais são os nossos problemas ou porque desejamos melhorar, independentemente se temos
agido bem ou mal.
Os problemas
sempre estão
relacionados com algum resultado indesejável ou insatisfação resultante de
nossas ações e reações físicas, emocionais e mentais.
Para ajudar a
identificar se determinada atitude (física, emocional ou mental) constitui
problema (aspecto negativo) e qual deverá ser trabalhado na autotransformação,
podemos fazer a
seguinte pergunta:
Tal atitude é
útil no meu crescimento espiritual ou serve apenas para o
fortalecimento do ego? A resposta correta será dada por nossa consciência
primordial. (Eu real)
É necessário
reconhecer a importância e prioridade dos problemas identificados com base em:
· Fatos e dados
tais como a frequência e modo de ocorrência dos problemas;
· Existência de
perdas, tristeza, dor ou sofrimento;
· Melhorias e
ganhos potenciais. Por exemplo,
se temos agido bem e não estamos
plenamente felizes e satisfeitos, então o problema
pode ser a necessidade de desenvolvermos
virtudes ou de eliminarmos máscaras.
· Por outro
lado, se temos agido mal e estamos tristes e “arrependidos”, então o problema
pode ser, por exemplo, a necessidade de eliminarmos negatividades tais como o
egoísmo, orgulho ou vícios.
É muito
importante compreendermos o sentido de “arrependidos”. Conforme Novaes (2001), arrepender-se é:
· Não fazer mais
o que se fazia;
· É não entender
a vida com os mesmos valores que se tinha;
· É não se culpar pelo que fez no passado, mas encarar uma nova
realidade que se avizinha; é autoconhecer-se;
· É fazer um
mergulho no próprio mundo consciente e no inconsciente, a fim de modificar suas
disposições internas e passar a
vibrar numa faixa psíquica mais elevada. Procedendo assim, obteremos a disposição para
enfrentar com equilíbrio e
humildade os problemas
que a vida nos apresenta.
Grande parte
dos seres humanos pode considerar-se como estando aproximadamente noventa por
cento no estado de sono e somente dez por cento atento para o que existe no mundo ao
seu redor e no seu interior.
O processo de
despertar a consciência exige muito esforço, comprometimento, trabalho e também
a disponibilidade de sacrificar
padrões destrutivos com suas
satisfações dispendiosas e efêmeras. Unicamente isso fará com que a consciência
se desenvolva gradativamente, que a percepção se aguce, e que o novo
conhecimento interior se torne disponível como manifestação do Eu Maior em
processo de despertar.
Essa percepção
intuitiva crescente, esse conhecimento interior – primeiro em relação ao eu, em
seguida com relação ao ser íntimo dos outros, e por fim também com relação à verdade e à criação cósmicas – estende-se para dentro de uma experiência de vida imortal (Pierrakos, 2007).
Agora vamos
detalhar mais o processo de autopercepção:
Por que é tão difícil crescer?
Devido ao
Prazer Egóico, difícil de abrir mão. Além do prazer momentâneo, é um
condicionamento, um habito, um vicio e isso é difícil de ser transformado. Ele,
o prazer Egóico, assume
variadas formas de manifestação.
Existem
pessoas que buscam o prazer ligado às questões biológicas instintivas. Assumem
atitudes puramente fisiológicas: comem,
fazem sexo, dormem, usam drogas estimulantes ou anestesiantes (conforme o
momento), se divertem e trabalham apenas para auferir os recursos para manter
essas atividades e não por prazer
de serem úteis.
Outras nutrem
paixões e o Ego se manifesta, além das práticas anteriormente
citadas, também através das negatividades como:
o orgulho, o egoísmo, a vaidade, a vingança, a inveja, entre outras. Se
manifesta, pelo prazer que sentem na bajulação que adoram receber, ou no
sofrimento pelo qual um desafeto passa, por aqueles que a estão perseguindo,
por vingança, etc
O cultivo das
negatividades do Ego, não obstante gerem um prazer momentâneo, exaurem o Ser.
Diferentemente do prazer
essencial portador de
energias sutis refazedoras, as energias egóicas são demasiado grosseiras e
acabam por desvitalizar e danificar o
perispírito e o corpo físico. Isso é serio!!!
O cultivo das
Máscaras do Ego é pior para o indivíduo, do que vivenciar as negatividades. A máscara
gera aquilo que denominamos, em psicologia, de “Zona de Conforto Psicológica”. É por isso que
o processo de retorno ao Essencial fica difícil, pois é necessário primeiro,
fazer cair a máscara, e
reconhecer as negatividades ocultas por ela, processo que é muito doloroso,
porque fere o orgulho. Somente a
partir daí, com exercícios
gradativos de humildade, é possível retornar ao amor
verdadeiro (Essencial).
Através do
cultivo das mascaras no processo de estruturação da psique humana, o indivíduo
realiza, consciente ou inconscientemente, um movimento de repressão, bloqueando
as negatividades do Ego, devido ao fato desses sentimentos gerarem uma aversão
muito grande, tanto por parte dele próprio, quanto de outras pessoas.
E essa é uma
atitude pouco inteligente emocionalmente, pois o indivíduo mascara os seus
sentimentos e esse fato retarda o processo do auto-encontro, isto é, do
encontro do indivíduo consigo mesmo em Essência. Na maioria das vezes, o
indivíduo utiliza os mecanismos de defesa (máscaras) de forma inconsciente ou
involuntária, numa tentativa de se proteger, tentativa que redunda numa falsa proteção.
Outras vezes,
utiliza-os de forma bastante consciente, sabendo que está fugindo de alguma coisa. Podemos
encontrar várias modalidades de mecanismos de defesa do Ego, nos quais as
negatividades egóicas são mascaradas. Vamos analisar os mecanismos mais comuns,
buscando perceber as negatividades do Ego por trás delas.
·
Compensação: Mecanismo de defesa pelo qual se procura compensar um comportamento
negativo, substituindo-o por um comportamento aparentemente positivo.
O indivíduo busca, consciente ou inconscientemente, camuflar e reprimir os
seus defeitos e fraquezas pessoais, que podem ser reais ou imaginários. Caracteriza-se
pelo exagero, pelo excesso das manifestações aparentemente positivas.
Mas, como esse comportamento é baseado na repressão das
negatividades do Ego não trabalhadas,
o que surge é apenas uma máscara que parece, mas não é, o valor
essencial que deseja. Alguns exemplos práticos desse mecanismo: Puritanismo, Fanatismo,
Martírio, Vitimização, Perfeccionismo, Euforia.
·
Projeção: É também
chamada de Transferência. Mecanismo de defesa que leva o indivíduo a interpretar os pensamentos,
sentimentos e as atividades de outras pessoas em função de suas próprias
tendências.
O Ego reprime
os seus conflitos de personalidade, projetando-os em outras pessoas, fugindo da aceitação de seus
próprios erros e da responsabilidade por eles. A projeção dos sentimentos interiores no mundo exterior, comumente significa ver no outro, aquilo de que
não se gosta em
si mesmo.
Uma das formas
mais comuns de projeção é a necessidade de culpar os outros pelas próprias
atitudes, transferindo para outrem a responsabilidade sobre si mesmo. A única
forma de se libertar da projeção é interromper esse mecanismo de transferência, aceitando os seus
defeitos e responsabilizando-se pelos seus
erros e acertos e, com isso,
tornar-se uma pessoa melhor.
Racionalização: É um processo pelo qual o indivíduo busca justificar
quaisquer pensamentos, sentimentos ou ações que julgou inaceitáveis, mediante
motivos justos aparentes, que são mais toleráveis do que os verdadeiros.
As razões
reais de sua conduta são mascaradas por alegações falsas. A pessoa não admite que aquela ação que ela quer
realizar é errada,
embora em sua consciência isso
esteja bem claro. Por exemplo, uma pessoa que explora uma empregada doméstica que recebe um salário baixo, não podendo suportar a angústia de se
perceber como exploradora da outra, justifica a sua atitude dizendo: “Ela é
muito incompetente e não merece ganhar mais do que isso”; “Se fosse trabalhar
na casa de outra pessoa, ela ganharia menos, porque é muito burra.”
Esse mecanismo
de fuga torna-se um
desequilíbrio psicológico grave, se for utilizado continuamente. Ninguém pode
mudar um mal em bem, apenas porque se recusa a aceitar, conscientemente, esse
mal.
Deve-se
trabalhar esse mecanismo, a fim de ser transmutado, ao invés de ser ignorado ou
justificado através da racionalização. A continuidade desse processo culmina na
perda do sentido existencial e do contato com a realidade.
Deslocamento: É o mecanismo pelo qual se desloca um sentimento negativo
de uma pessoa ou situação para uma outra pessoa ou situação. Quando experimentamos, por exemplo, um
sentimento de revolta ou de animosidade contra alguém ou alguma coisa, mas as circunstâncias não permitem
expressá-lo, deslocamos esse sentimento para reações de violência contra
objetos que são quebrados ou outras pessoa que nada têm a ver com o problema.
Exemplificando,
uma pessoa tem uma dificuldade com o chefe no trabalho e, ao chegar em casa,
desloca a sua raiva brigando com a mulher ou com os filhos. Outra situação
comum é quebrar objetos como pratos, dar murros na parede, quando
encolerizados. A pessoa desloca a vontade de bater em quem é o motivo da sua
cólera para os objetos que destrói.
Negação: É a recusa em reconhecer aquilo que não se quer ver. Por exemplo: fingir não se preocupar se o cônjuge está sendo infiel, é um tipo de
negação muito comum.
Outro tipo de
negação, é a evidente recusa do reconhecimento dos malefícios do alcoolismo e
do tabagismo. Por mais que se conheçam todos os problemas causados por esse
vícios, as pessoas continuam bebendo e fumando. O que comumente se diz: “Esse
problema não vai acontecer comigo”, como se os problemas só acontecessem com os
outros.
A utilização
dos mecanismos de defesa assemelha-se ao comportamento de uma pessoa que,
possuindo na pele, muitas feridas com aspecto asqueroso, cheias de pus,
exalando mau cheiro, não coloca o medicamento correto para fazer com que as
feridas se curem. Simplesmente as cobre com uma roupa impecável, passa um
perfume dos mais caros para disfarçar o mau cheiro, enganando, com isso, a si
própria e aos outros.
Boa parte da
capacidade de transformação do ser humano está em mudar o Outro dentro de si. Quando descobrimos o outro em nós
mesmos, então, começamos a trabalhar nossas mudanças através de diferentes
polaridades: eu masculino x eu feminino, eu filho x eu pai, eu chefe e eu
chefiado, etc … Isso se chama EMPATIA!!!
ATENÇÃO: Cada fase da vida tem um objetivo, e a
verdadeira sabedoria está em saber viver cada desafio ao seu tempo. Recordar e planejar as fases
da vida, tudo bem. Revisitar o passado, reviver as feridas do inconsciente e fecha-las.
Essa percepção é crescente, e se dá primeiro em relação ao eu, em
seguida com relação ao outro, e por fim com relação à verdade e à criação
cósmicas DEUS. Esse é o caminho.
Felicidade amigos e progresso.
PAZ, Maria Cibele
Bibliografia
Livro
Psicoterapia a Luz do Evangelho de Jesus – Alírio de Cerqueira Filho
Imagens: Google
AQUINO, A.L. Autoconhecimento através do seu Inconsciente, 2011:
AVELINE, C.C. A arte da auto-observação, 2011:
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Santo André, 2006, 277p.
COSTA, J.C. Desenvolvendo o autodomínio, 2011: http://estudantesdemetafisica.blogspot.com/2009/11/desenvolvendo-o-autodominio.html
FRANCO, D.P. (espírito Joanna de Ângelis). Elucidações
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KARDEC, A. A gênese. Federação Espírita Brasileira: Rio
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KARDEC, A. O livro dos espíritos. Federação Espírita
Brasileira: Rio de Janeiro, 1995b, 292p.
NOVAES, A.M.F. Psicologia do evangelho. Fundação Lar
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NOVAES, A. Filosofia e Espiritualidade. Fundação Lar
Harmonia: Salvador, 2004, p. 215-220.
PIERRAKOS, E. Não temas o mal. Editora Cultrix: São
Paulo, 1990, 172p.
PIERRAKOS, E. O caminho da autotransformação. Editora
Cultrix: São Paulo, 2007, 256p.
SANTO NETO, F.E. (espírito HAMMED). Imensidão dos sentidos. Boa
Nova: São Paulo, 2002, 222p.
ZWEIG, C.; ABRAMS, J. Ao Encontro da Sombra. Editora
Cultrix: São Paulo, 2011, 360p.
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